Desde o início do cinema, o capitalismo sempre foi mostrado nas telinhas como herói. Isso se deve ao fato de que os EUA são os maiores produtores da indústria cinematográfica no mundo, e com isso, constroem, segundo os seus interesses, as imagens da política e da economia ao mundo. Os filmes exibidos na 4ª Mostra de Cinema Comentado que ocorreu na Estácio BH nos dias 8,9 e 10 deste mês, deixaram claro os vários momentos e passagens vividos pelo mundo nos mais diferenciados contextos políticos, sociais e econômicos, e é claro, com uma “pitadinha” norteamericana.
O evento não lotou, mas certamente quem ficou para assistir aos comentários dos convidados, bem gabaritados, aproveitou a oportunidade para ver além do que se passa nas telas. Puderam enriquecer suas críticas baseando-se nos argumentos dos profissionais convidados para o evento. Compareceram ao evento, alunos de vários cursos, mas em peso, os graduando dos cursos de Comunicação Social, e que por falar nisso, a aluna da faculdade, Helen Rodrigues Baesse, iniciou o primeiro dia da Mostra com a exibição do seu trabalho de conclusão de curso, um documentário intitulado "Invisíveis pelo silêncio", um dos finalistas finalistas do festival de cinema de Curitiba: o "Putz", em que participaram 53 temas de documentários.
“Invisíveis Pelo Silêncio” fala das dificuldades de acesso por pessoas com deficiência auditiva à televisão no Brasil. No trabalho, há vários depoimentos de pessoas com a dificuldade e de profissionais de várias áreas. Assim a cada fala dos personagens, de como vêem e percebem a TV, remete à uma reflexão sobre este outro mundo. No documentário, especialistas das áreas de psicologia, comunicação e fonoaudiologia tentam esclarecer as várias dúvidas que povoam o tema. Para isso, colocam algumas situações do contidiano, como erros cometidos nas produções dos conteúdos televisivo e as dificuldades que a tv tem para incluir esse outro público na programação. Foi demonstrado também algumas das possíveis medidas, que no futuro, possam ser necessárias para que a inclusão aconteça na prática. Para aqueles que viram e gostaram ou até para que não compareceu ao evento, a criadora garante que em breve será possível assistí-lo pela internet. Sem dúvida vale a pena conferir!
Voltando ao passado, quando nascia o cinema novo, a história de Graciliano Ramos desponta nas telinhas. Com isso, pode-se observar no filme "São Bernando", as grandes dificuldades e as técnicas empregadas para a produção dessa obra. O filme foi comentado por Comentado por Marcelo Miranda, jornalista e crítico de cinema dos jornais “O Tempo” e “Pampulha”. Com recursos e tecnologia limitados, além de um sistema ditatorial da época, o filme se passa no interior de Alagoas, o filho de camponeses Paulo Honório, é um mascate que perambula pelo sertão a negociar com redes, gado, imagens, rosários e miudezas. Cria uma obsessão, arrancar a fazenda São Bernardo das mãos de seu inepto dono, o endividado Luiz Padilha, transformando este em seu empregado. Alcançando finalmente seu objetivo e, com muita astúcia e violência, Paulo Honório faz a fazenda prosperar e torna-se temido pelos empregados e fazendeiros vizinhos.
Nesse momento, ele sente que precisa constituir família e vê essa possibilidade na professora esquerdista Madalena, a quem convida para visitar a fazenda. Casam-se, mas o humanismo e sensibilidade da professora se chocam com a rudeza de Paulo Honório, ficando no ar a suspeita de que ela o trai, física e politicamente. Daí por diante, Paulo Honório passa a viver dentro de um clima de ciúme motivado por sua imaginação possessiva. Um dia, descobre uma folha de papel na qual reconhece a letra de Madalena. Pensa que é parte de uma carta para um amante. Discutem e Madalena suicida-se. Honório é então um homem arrasado, torturado pelas dúvidas, solitário. No fim da vida, escreve suas memórias. Poderia então fazer uma analogia com o atual sistema financeiro predominate no mundo, será essa uma visão do capitalismo?. Opressor, dominador e "infalível", em que a sua busca principal é a manutenção do seu poderio sem se preocupar com o "ser". Será esse um momento, de crises que vislumbra nos dias de hoje o seu fim?
Não é o que mostra o filme "Quantum of Solace", comentado por José Ricardo, crítico de cinema e mestrando em Cinema pela UFMG. Apesar de moderno, Quantum of Solace tem um clima retrô, principalmente na concepção dos personagens. Ele cumpre seu papel como filme de ação, jogando na tela o poderio britânico, ferramentas tecnológicas de última geração , carrões e pitadas de sexo sem compromisso. O roteiro expõe velhas ideologias sul-americanas, incluindo as mazelas sociais e políticas. É um texto surreal para quem conhece um pouco de geopolítica latina, mas não deixa de repercutir uma mensagem pertinente. Nesse contexto o filme faz uma bela crítica ao processo de formação dos governos, a ascensão de ditadores e libertários. Mas sem dúvidas faltou sustentação aos argumentos.
Sem dúvida essas duas obras são as que mais fazem referência ao nosso atual sistema financeiro mundial, que no momento, dispensam muitos comentários. Afinal, cabe a cada um fazer uma reflexão sobre como vivemos ou passamos pela vida.
Já o filme Romance é a história repetida infinitas vezes nas telinhas do cinema, mas de uma forma diferente aos olhos do diretor Guel Arraes. Um história de amor de um casal de atores que vive na agitada e conturbada cidade de São Paulo. Ana e Pedro encenam uma adaptação de O Romance de Tristão e Isolda para o teatro, e as cenas de amor e discussões sobre a paixão são o pano de fundo desta relação. O romance entre os dois vai bem até a chegada de Danilo, produtor de TV, que convida Ana para atuar em novelas. O sucesso da atriz é inevitável, provocando ciúmes e incompreensão por parte de Pedro, que passa a desconfiar de Ana. O filme conta com estrelas como : Wagner Moura, Letícia Sabatella, Andréa Beltrão, José Wilker Bruno Garcia, Tonico Pereira Vladimir Brichta e Marco Nanini. E aí, vai perder essa história?
Expectativa frustrada
Para uns o evento contribuiui significativamente para o lado crítico do cinema e atenção às técnicas empregadas no mundo dos filmes. Mas essa opinião não é compartilhada por todos. Para Elton Santos, aluno do 7º período de jornalismo da faculdade, o filme que mais gostou foi "Quantum of Solace", exibido no segundo dia da Mostra. Mas para ele o evento deixou a desejar, não cumpriu com suas expectativas: "Ficou tudo muito solto. Não tínhamos uma base, não sabíamos como seria e, por incrível que pareça, durante o evento nos foi apresentado uma cartilha com o motivo para as escolhas dos filmes. Esse documento não teve valor nenhum, afinal, não queríamos justificativas, queríamos um evento que fizesse sentido", desabafa o aluno.
Para o aluno, após os três dias do evento ele afirma ter tomado conhecimento apenas de algumas curiosidades sobre os filmes, no entanto, isso não era o que ele queria. "Acho que, após os 3 dias de evento, minha visão sobre cinema não mudou nada. Continuo achando, por exemplo, os filmes de Hollywood os melhores do Mundo", brinca o aluno.
Com relação ao baixo número de alunos presentes no evento ele acredita que o motivo foi a desorganização. Para o futuro jornalista, o evento foi feito as pressas e os alunos foram avisados apenas uma semana antes do início da Mostra, e acredita que se os alunos não "vestem a camisa" fica difícil preencher os assentos tão cobiçados pelas "moscas", e como sugestão, ele acredita que primeiramente é preciso dar mais espaço para integração dos cursos em seguida, incentivar os alunos através de publicidade, divulgação e etc. E para finalizar, ele acredita que o grupo organizador seja composto também pelos próprios alunos para que esse seja o caminho para o sucesso da próxima Mostra de Cinema.
Wagner Fernandes.
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